Editorial
Veja bem, não foi bem assim
ninguém mais falou abobrinhas depois que inventaram o "fora de contexto"
Se o dito popular diz que ninguém morreu depois que inventaram a desculpa, uma versão renovada deveria ser criada para nossas figuras públicas: ninguém mais falou abobrinhas depois que inventaram o "fora de contexto". Haja malabarismo para explicar tantas infelicidades verbais!
É gente de todas as esferas falando o que vem na telha naquela hora e depois tentando se explicar. Apenas na última semana, o DP trouxe duas delas aqui na região. Primeiro, o Secretário de Educação de Rio Grande, Henrique Bernardelli, se referia à inclusão de alunos com necessidades especiais como um problema. O argumento posterior à nossa reportagem foi de que ele se referia à questão administrativa complexa que envolve esses alunos. Mesmo se aceitas as desculpas, é no mínimo a noção do jeito que a fala foi colocada. Não colou em um primeiro momento, a princípio. Como o DP trouxe em primeira mão, ele será denunciado ao Ministério Público. Houve também protesto em frente à sua secretaria durante a semana. A ver o desenrolar desse caso.
Já no segundo caso, até quem falou a frase se perdeu na desculpa. O vereador Francisco Vilela (PP), de Canguçu, foi flagrado proferindo palavras do mais baixo calão possível para se referir a uma servidora. Também ouvido pela reportagem do DP para se explicar, o parlamentar entrou numa espiral de argumentos que culminou em um "bom, nem tenho que te explicar". Aliás, essa não é a primeira ou segunda vez que Vilela causa polêmica indo ao microfone. Seu partido e seus pares no parlamento canguçuense largaram sua mão dessa vez, emitindo notas de repúdio, outra especialidade dos dias atuais, que parece substituir cada vez mais ações efetivas.
Estes não são dois casos isolados. Em todos os níveis da administração pública, bobagens são faladas e depois o "fora de contexto" vem como uma carta coringa para se livrar dos embaraços causados pelo que se disse, consciente ou inconscientemente. Claro, há frases sim fora de contexto. Uma das especialidades das fake news é justamente recortar trechos para dar outra interpretação. Mas há, também, os casos de quem fala a besteira e espera não precisar arcar com as consequências. Que arquem!
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